sábado, 26 de julho de 2014

Mesa Face Diamante

O designer José Marton criou e patenteou em 2001, um padrão que remete à estamparia têxtil, com o uso do metacrilato em padronagem listrada, material utilizado, por exemplo, na produção da mesa Face Diamante. 

Veja o artigo publicado na Revista Decore Móbile, que possui versão digital:


O designer José Marton.
Mesa Face Diamante, de José Marton.


CENTRO DE ARTES E DESIGN

terça-feira, 6 de maio de 2014

ARTE + COTIDIANO - Edição número 15

Como podemos relacionar as artes visuais com as experiências do cotidiano? Quais são os elementos marcantes nas artes visuais que podem ser percebidas nos eventos diários ou na história?

Através da série de artigos ARTE + COTIDIANO propomos um exercício de percepção, de sensibilidade... Estimular o pensamento por conceito. Trabalhar a mente para fazer analogias. Ampliar sua criatividade. Em tudo enxergar a arte! A seguir, o Número 15!

SOLITÁRIOS MESMO ACOMPANHADOS
(visível também em: http://www.artesedesign.com.br/site/ver-blog/44/)

O filósofo Paul Valéry escreveu:
O homem civilizado das grandes metrópoles retorna ao estado selvagem, isto é, a um estado de isolamento. O sentido de estar necessariamente em relação com os outros, a princípio continuamente reavivado pela necessidade, torna-se pouco a pouco obtuso, no funcionamento sem atritos do mecanismo social. (VALÉRY apud BENJAMIN, 1980, p.43)

O que Valéry afirmava sobre o ser humano do início do século passado também é o que o artista Edward Hopper (Nyack/EUA,1882 - 1967, Nova York) apresenta ao pintar as pessoas das décadas seguintes. Em suas vemos personagens sozinhos, e mesmo quando há pequenos grupos, não há troca de olhares nem a intenção de diálogos. 

Edward Hopper. Noctâmbulos. 1942.

Hopper usa o recurso das áreas de luz para destacar enquadramentos específicos de suas telas, os quais evidenciam que as pessoas isoladas encontram-se próximas da arquitetura ou abrigadas por ela – seja em um posto de gasolina, na entrada de um teatro, num quarto de hotel, na varanda de uma casa, no vagão de um trem, num escritório ou num bar. Porém, nenhum desses lugares se mostra como um ambiente familiar ou aconchegante. São interiores impessoais, sempre cercados por áreas sombrias ou grandes vazios, que intensificam o aspecto de frieza da cena. 

Apesar da proximidade física, há uma imensa distância psicológica entre os personagens de Hopper, calcada por imobilidade e tensão. Parece que este isolamento se intensificou ao longo do tempo devido à aceleração do ritmo urbano e ao aumento da violência. 

É nas maiores cidades que as casas e os prédios precisam ser mais fechados para serem seguros; as trocas humanas em locais abertos são cada vez mais raras, devido à sensação de perigo; e aqueles que circulam pelos centros das cidades passam uns pelos outros sem trocar olhares e cumprimentos, a aproximação de um estranho causa desconfiança. Além disso, a quantidade de tarefas e a carga de trabalhos a cumprir impedem as pessoas de gastar tempo em conhecer umas às outras; os membros das famílias passam cada vez mais tempo separados cumprindo suas obrigações diárias.

Edward Hopper. Noite de verão. 1947.

A questão do isolamento na contemporaneidade é um problema quando desencadeia a sensação de solidão psicológica que muitas pessoas vivem, mesmo que fisicamente estejam em meio a multidões. 

Você se identifica com as personagens dos quadros de Edward Hopper? Se a resposta for “sim”, é preciso reagir, olhar para quem está ao redor e iniciar o diálogo!


Professora Aletea Hoffmeister Mattes
Mestre em Teoria e História da Arte
CENTRO DE ARTES E DESIGN

sábado, 22 de março de 2014

ARTE + COTIDIANO - Edição número 14

Como podemos relacionar as artes visuais com as experiências do cotidiano? Quais são os elementos marcantes nas artes visuais que podem ser percebidas nos eventos diários ou na história?

Através da série de artigos ARTE + COTIDIANO propomos um exercício de percepção, de sensibilidade... Estimular o pensamento por conceito. Trabalhar a mente para fazer analogias. Ampliar sua criatividade. Em tudo enxergar a arte! A seguir, o Número 14!

OSCAR NIEMEYER - LITERATURA E ARTE



“Quando eu tento explicar um projeto por escrito e vejo que não ficou bom, eu volto pra prancheta.” (Oscar Niemeyer)

Esta frase do famoso arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer grita como um alerta aos arquitetos, aos designers, aos decoradores, mas também a todos os profissionais!
A leitura amplia sua capacidade intelectual. Para as disciplinas que envolvem a inovação, a literatura entra como um aditivo eficaz, pois usa a imaginação do leitor que “vê com os olhos da mente”, que sente sem precisar tocar, que se emociona sem precisar ter o objeto à sua frente. Não serão estes os grandes ingredientes dos maiores projetos de que se tem notícia? Não serão estes projetos a materialização da imaginação de um artista?
Como disse também o poeta Ferreira Goulart, referindo-se à habilidade de Oscar Niemeyer em antecipar no papel o que se vai sentir depois do projeto pronto:  “...quando o arquiteto projeta no papel,  ainda não tem total certeza do que vai se tornar. E o arquiteto que consegue com todos aqueles volumes no papel atingir as emoções reais das pessoas desse jeito, é um craque.”

Palácio da Alvorada - Brasília/ DF.


“Quando você lê, consegue explicar melhor o seu projeto, consegue interpretar um texto.” (Oscar Niemeyer)

Niemeyer atribui à leitura grande parte da capacidade do arquiteto em explicar seus projetos. O termo técnico que se utiliza para isto é o Memorial Justificativo. Se você consegue justificar bem seu projeto com palavras, então ele está bom, tem um conceito. E não se trata de “descrever” o que tem no projeto (piso de cimento, janela de madeira, etc), pois a isto chamamos “Memorial Descritivo”.

 “A arquitetura não se explica só pelo desenho, é preciso escrever sobre ela.” (Oscar Niemeyer)

Niemeyer cria que a arquitetura não precisa ser instantaneamente compreendida. Na maior parte das vezes é necessário explicá-la com palavras. Quem lê se expressa melhor.

“Arquitetura é imaginação.” (Oscar Niemeyer)
O que mais pode mexer com a imaginação de uma pessoa, senão um bom livro?

Oscar Niemeyer durante a construção da Catedral de Brasília / DF.


“As surpresas são as principais características da obra de arte.” (poeta francês Charles Baudelaire citado por O. Niemeyer)

Só há surpresa, quando há novidade, quando acontece algo pelo que não se espera. Por mais que a funcionalidade seja um atributo moderno imprescindível à arquitetura e ao design, a SURPRESA, o NOVO, ainda é o maior objeto de desejo dos artistas.

Mas dará a leitura benefícios somente à criatividade dos artistas?
Mesmo que você não seja um arquiteto, um designer, decorador, ou qualquer outro artista, a sua vida é carregada de situações onde a imaginação é exigida num grau máximo. Um advogado, um administrador, um médico, todos precisam da criatividade para encontrar soluções onde tudo parecia comum ou até mesmo perdido.  A criatividade é um ingrediente imprescindível à “graça” que esperamos desta vida.

Vamos à leitura!

Fonte: Todas as frases atribuídas a Oscar Niemeyer foram retiradas do Documentário: “Oscar Niemeyer – o arquiteto do século”

Por :
Profa. Arq. Maria Pilar Arantes
CENTRO DE ARTES E DESIGN

sábado, 8 de março de 2014

ARTE + COTIDIANO - Edição número 13

Como podemos relacionar as artes visuais com as experiências do cotidiano? Quais são os elementos marcantes nas artes visuais que podem ser percebidas nos eventos diários ou na história?

Através da série de artigos ARTE + COTIDIANO propomos um exercício de percepção, de sensibilidade... Estimular o pensamento por conceito. Trabalhar a mente para fazer analogias. Ampliar sua criatividade. Em tudo enxergar a arte! A seguir, o Número 13!



LOUIS PASTEUR, a BAUHAUS e a ART DÉCO 

Louis Pasteur (1822 – 1895), o famoso químico francês, responsável pela "teoria dos germes" na qual as doenças foram associadas a um tipo de germe específico cada, e que marcou a medicina moderna e despertou para a importância das práticas de higiene, influenciou também a estética dos interiores com esta sua descoberta.

Os ambientes muito fechados, com excessos de tecidos, muitos objetos sobre os móveis, muitos tapetes, móveis com complexos adornos difíceis de serem limpos, eram depósitos de poeira e focos favoráveis para o desenvolvimento dos germes. Esta foi uma das conclusões que influenciou muitas decisões estéticas modernas.

Desta forma, a escola Bauhaus (1919) e o Art Déco (cerca de 1925) já incorporaram grande parte desta preocupação, apresentando pela primeira vez ambientes e móveis com superfícies mais lisas, geométricos e com menos objetos e excessos do que os clássicos tradicionais.
A arte é inter e multidicisplinar. Relaciona-se com tudo!
Ao contemplar uma obra de arte e a arquitetura da próxima vez, tente indagar-se: “Como isto se relaciona com outras áreas da vida?”

Fonte: pequena parte de documentário da BBC – “Grandes Descobertas”.
Imagem: (retrato de Louis Pasteus, ambiente Art Déco, móveis escola Bauhaus) montagem com fotos obtidas na internet, por Maria Pilar Arantes.

Por: 
Profa. Arquiteta Maria Pilar Arantes

CENTRO DE ARTES E DESIGN

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

ARTE + COTIDIANO - Edição número 12


Como podemos relacionar as artes visuais com as experiências do cotidiano? Quais são os elementos marcantes nas artes visuais que podem ser percebidas nos eventos diários ou na história?

Através da série de artigos ARTE + COTIDIANO propomos um exercício de percepção, de sensibilidade... Estimular o pensamento por conceito. Trabalhar a mente para fazer analogias. Ampliar sua criatividade. Em tudo enxergar a arte! A seguir, o Número 12!





LEONARDO DA VINCI e HIERONYMUS BOSCH 
contemporâneos e diferentes




Hieronymus Bosch – 1450 – 1516 – s’Hertogenbosch, Holanda
Leonardo da Vinci – 1452 -1519 – Florença, Itália

Leonardo da Vinci e Hieronymus Bosh foram artistas contemporâneos, nascidos e falecidos praticamente na mesma época.

Porém, as circunstâncias de vida – aspectos internos e externos,  de cada um levaram-nos a retratar um o tema da fé católica romana em suas pinturas com características visuais e conceituais extremamente diferentes.

Viveram na época da Renascença. Um período no qual afloraram intensas mudanças em todas as áreas. Havia uma verdadeira revolução psicológica, científica, econômica, social e religiosa. Eram as bases do cenário europeu, onde viviam Bosh e Da Vinci.

Especificamente sobre o tema RELIGIÃO – fé católica romana,  tiveram formas muito diferentes de retratar sua visão.

Leonardo da Vinci tinha seu trabalho financiado pela igreja e pela realeza. Especificamente pela igreja, suas obras deveriam retratar a visão cristã da fé, com seus ícones, passagens bíblicas mais significativas para o evangelismo e educação religiosa, santos, a virgem Maria, e dogmas da fé católica romana. Neste sentido, Leonardo era direcionado pelos valores religiosos do clero, em suas criações.
Suas obras eram repletas de suavidade, beleza, indicativos de santidade, e tudo executado com extrema técnica e habilidade.

Leonardo, todavia, não professava esta fé. Era animista. Além disto, era polímata, envolvendo-se em diversas áreas do conhecimento, o que o tornou um símbolo do Renascimento em relação principalmente à valorização e desenvolvimento da ciência. Uma época onde a razão questionava dogmas, e as artes brilhavam com técnicas representacionais inovadoras. Leonardo da Vinci expressava todo este momento muito bem.

Dois bons exemplos da técnica, foco nos temas religiosos da fé católica romana, são as obras a seguir.



"Anunciação" - 1472-1475. Nesta obra a importância da técnica e da paisagem é nítida - revelam novos valores da arte do Renascimento.

 "Madona das rochas" - 1483. A virgem é retratada em suavidade, mas sem auréola. A paisagem é muito explorada. Os gestos das mãos são um prenúncio ao Barroco que está por vir - emoção.
  



Num extremo oposto em relação às circunstâncias que a vida impôs, estava Hieronymus Bosch.
Bosch casou-se com uma mulher de família muito rica, e pode, ele mesmo, financiar toda sua obra, apesar de receber algumas encomendas.

Bosch era membro de uma comunidade católica ultraortodoxa que venerava a virgem Maria. Reratava os temas da fé católica romana com muita ênfase no pecado e suas consequências. Tinha absoluta fixação em retratar o inferno.

Suas obras tornavam explícitos a insensatez humana e o homem tolo: o que come, bebe, flerta, trapaceia, disputas em jogos (inclusive jogos sexuais), persegue objetivos inalcançáveis.
Suas pinturas são repletas de criaturas ocultas de nosso egoísmo íntimo, e assim Bosch exterioriza a feiúra interior através de demônios disformes, criaturas metamorfoseadas, sons horríveis, cheiros ruins, nojo, aversão a si mesmo.
 
Um excelente exemplo disto é o tríptico “Jardim das Delícias”, onde, em cada uma das 3 partes, Bosch retrata sua visão do “paraíso terrestre”, “os deleites terrenos” e “o inferno”. Veja alguns detalhes desta obra a seguir.

"Jardins das Delícias" - tríptico aberto - 220 x 389 cm. Na primeira parte (esquerda) o "Paraíso terrestre" onde é retratada a criação, o casal original e a paz de que gozavam. Na segunda parte (central) os "pecados da carne" são retratados de forma muito intensa: pessoas desinibidas em jogos sexuais que não se constrangem nem mostram arrependimento - símbolos eróticos e intensa atividade sexual . Na terceira parte (direita), as consequências do pecado: "o inferno". Cenas bizarras de auto-abuso, defecação, desmembramento, gula que provoca vômitos, dentre outros símbolos, retratam os castigos dos homens que não herdaram o céu.

Duas visões distintas do mesmo tema.  Duas visões de fé e de arte!

Este caso comparativo nos leva a refletir sobre como as circunstâncias de vida de cada um podem “pintar um quadro” diferente sobre o mesmo assunto.

Você já vivenciou algo em que sua opinião parecia absolutamente distinta da opinião de outras pessoas?
 

Profa. Arq. Maria Pilar Arantes
CENTRO DE ARTES E DESIGN