domingo, 1 de julho de 2012

ARTE + COTIDIANO : Edição número 3

As experiências sensoriais da arte podem se entrelaçar a qualquer momento com os instantâneos de nosso cotidiano.Como podemos relacionar as artes visuais com as experiências do cotidiano? Quais são os elementos marcantes nas artes visuais que podem ser percebidas nos eventos diários ou na história?
Através da série de artigos ARTE + COTIDIANO propomos um exercício de percepção, de sensibilidade... de arte! Estimular o pensamento por conceito. Trabalhar a mente para fazer analogias. Ampliar sua criatividade. Em tudo enxergar a arte!
A seguir, o Número 3 !

Quem está naquela cabine?


              Entre os diversos trabalhos do artista francês Ernest Pignon-Ernest está a série Les cabines. Nesta série o artista faz intervenções em mais de 400 cabines telefônicas. Nas paredes transparentes das cabines são fixados adesivos de desenhos produzidos em tamanho real; são desenhos de pessoas anônimas vistas no cotidiano de qualquer cidade. Com a luz do dia, as imagens se mesclam entre a paisagem e as pessoas que por ali passam. O efeito visual pretendido pelo artista acontece à noite, quando a arquitetura e os transeuntes são escondidos pela escuridão, e a luz das cabines ilumina e destaca os personagens de Ernest Pignon-Ernest.
 
                   Cabine 1, da série Les cabines, 1997          Cabine 2, da série Les Cabines, 1997.

Visualizados sob uma luz fantasmagórica, esses personagens se mesclam ao mundo real e podem ser confundidos com pessoas. Em entrevista para a revista francesa Art Absolument, o artista esclarece que:
“Meu trabalho é capturar um pedaço do real (tempo e espaço) no qual eu insiro um elemento de ficção. Na maioria das vezes, é uma imagem que irá trabalhar o real tanto plasticamente (tornando o local um espaço estético), como no seu simbolismo e na sua memória (revelando, revivendo, exacerbando, provocando seu potencial sugestivo...)."
Uma cabine telefônica é um local contraditório, onde um indivíduo entra para se isolar do exterior, ao mesmo tempo em que deseja se comunicar com alguém que está lá fora; na cabine de paredes transparentes o indivíduo está protegido, mas completamente exposto. Os seres colocados pelo artista nas cabines evidenciam essa situação ambígua, pois apresentam algumas das contradições da vida contemporânea: estão simultaneamente em situação de abrigo e desconforto, proteção e confinamento, isolamento e exposição, sono e insônia.
Você já se sentiu assim? Então a arte de Ernest Pignon-Ernest também fala com você!
Referência:
PIGNON-ERNEST,Ernest.Paroles d'artistes. In: Art absolument, nº17, 2006.
www.pignon-ernest.com

Por:
Profa. Ms. Aletea Hoffmeister Mattes
Coordenadora do Centro de Artes e Design

Nenhum comentário:

Postar um comentário