segunda-feira, 8 de outubro de 2012

ARTE + COTIDIANO - Edição número 6

As experiências sensoriais da arte podem se entrelaçar a qualquer momento com os instantâneos de nosso cotidiano. Como podemos relacionar as artes visuais com as experiências do cotidiano? Quais são os elementos marcantes nas artes visuais que podem ser percebidas nos eventos diários ou na história? Através da série de artigos ARTE + COTIDIANO propomos um exercício de percepção, de sensibilidade... de arte! Estimular o pensamento por conceito. Trabalhar a mente para fazer analogias. Ampliar sua criatividade. Em tudo enxergar a arte! A seguir, o Número 6 !


Wodiczko e as mulheres de Tijuana


Krzysztof Wodiczko é um artista que faz arte para ser experimentada e vista nas ruas.

Nasceu em 1943, na recém ocupada Polônia pelos soviéticos durante a 2ª Guerra Mundial. Hoje a Polônia é um país independente. Com certeza isso contribuiu para o desenvolvimento de seu senso crítico em relação ao poder e ao abuso.

Krzysztof Wodiczko produz principalmente vídeo projeções em fachadas e monumentos, combinando arte e tecnologia. Desta forma, o artista quer recuperar as ruas da cidade como locais de discussão e debate acalorado – suas projeções duram 1 ou 2 dias.  As temáticas deste artista incluem destacar comunidades sociais marginalizadas e dar legitimidade a questões culturais que muitas vezes são alvo de pouca atenção do design, sociedade e do governo.

Abaixo a projeção do rosto de mulheres que contam, em tempo real, com toda carga de emoção, suas experiências sofridas de vida e trabalho. Mulheres trabalhadoras de uma fábrica em Tijuana.
Através de câmeras apoiadas e voltadas para o rosto das mulheres, imagens eram projetadas em tempo real na cúpula do “Centro Cultural de Tijuana”.

 
 
“The Tijuana Projection," 2001 - Krzysztof Wodiczko
Public projection at the Centro Cultural de Tijuana, Mexico (as part of In-Site 2000)
O artista explica:
“Tijuana. É uma fronteira não apenas entre o México e os Estados Unidos, mas também entre Tijuana e do resto do México, para muitas pessoas que vêm de províncias pobres como Chiapas para tentar avançar a sua vida, movendo para o norte. Eles atravessam a fronteira antes que eles atinjam Tijuana. Essa é a fronteira entre a aldeia feudal e trabalho na fábrica maquiladora como membros de um novo tipo de proletariado industrial. Eles dizem que é se deslocar de um inferno antigo para um novo inferno. Para muitos deles, isso é uma vantagem. Talvez não há nada pior do que ficar no mesmo inferno toda a sua vida longa.”
“Durante a projeção, você podia sentir o tipo de eletricidade e dor entre aqueles que vieram para testemunhar isso. A posição da imagem foi muito especial. Em pé na frente do prédio, vimos o rosto sobre as nossas cabeças falando para nós (como se fôssemos crianças pequenas, pessoas pequenas olhando figuras de autoridade), mas também falar com o resto do mundo. Além disso, o discurso foi direcionado para a multidão, para a fronteira, à San Diego ... na direção dos Estados Unidos”
 
 
 
“Essas mulheres muito jovens trabalham (a esmagadora maioria são mulheres jovens) de maneiras que nem sequer imaginamos. A sua situação é incomparavelmente pior do que qualquer coisa que eu tentei compreender antes. Mas parece-me estar a trabalhar com pessoas que conseguem sobreviver e se curar até o ponto onde eles podem tirar proveito dos meus projetos para fazer outro salto para se reconectar com a sociedade”
Para refletir:
Você conhece quais são as minorias sofridas e exploradas da sua região/ comunidade? Como estas minorias têm procurado comunicar suas dificuldades (ou estão quietas?)? Como a arte poderia denunciar os abusos ou a ignonímia com que estas comunidades estão vivendo? E você...se importa?
 
 
 
Por : Profa. Arq. Maria Pilar Arantes - CENTRO DE ARTES E DESIGN
 
 

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